quarta-feira, 18 de abril de 2012

SEM RUMO

Fonte: imagesCAYEQO7F

Começo a escrever sem rumo definido, porém não me deixo abater. Não é a primeira vez, nem será a última. Sentir-se meio perdido de vez em quando, faz parte da caminhada. Aliás, em muitas situações, o caminho incerto conduziu a grandes descobertas. Vejam o exemplo do Cabral. Imaginava estar no rumo das Índias. Acabou desembarcando por aqui. No final, a rota diferente trouxe-lhe melhores resultados.
Meu caso é outro. Não sigo por mares “nunca dantes navegados”. Nem me proponho a grandes deslocamentos. Mesmo assim, avanço às escuras, por não contar, neste momento, com a bússola da inspiração. Sem ela, passo distante do iluminado norte das ideias. Por isso, será muito difícil encontrar o caminho das boas histórias, das narrativas envolventes. Nem vou me arriscar pelos lados dos argumentos bem arquitetados. Seriam poucas as chances de ao menos chegar até eles pelas vias secundárias da enfraquecida reflexão.
O jeito é seguir o caminho cheio de voltas da pequena criatividade. Mesmo à deriva, sempre se chega a algum lugar! Claro, nesta minha viagem em direção ao imprevisto, descarta-se, de imediato, a possibilidade de se descobrir um novo Brasil. Quando ancorar novamente, será fácil reconhecer a terra de outras tantas passagens. Só seguir em qualquer direção para se deparar com as mesmas paisagens de sempre. Então, lá poderei tranquilizar os meus passos? Finalmente terei encontrado o rumo certo?
Nessa condição deveria sentir-me seguro. Saber onde se está pisando, traz o natural conforto do sentimento de proteção. Entretanto, o conhecido é cercado pelos entediantes muros da mesmice. Basta algum tempo ali para a inquietação bater à porta. Enfrentar a incerteza da jornada é desgastante, mas garante valiosa recompensa. Permite a escolha da direção, seguindo-se apenas os impulsos dos ventos da liberdade. Por isso, não há dúvidas: sentirei saudades deste vagar sem rumo!
De qualquer modo, ir em frente, mesmos às voltas, significa ter diante de si o iluminado horizonte das novas conquistas. Ao visualizá-las, sem o auxílio dos instrumentos de orientação, descobre-se ter seguido o rumo certo. Caso contrário, a viagem segue. Até encontrá-lo.

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